Capitulo único – Tour do desespero.

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Provavelmente você seja mais algum fã do sobrenatural, por isso está em meu blog lendo esta matéria do que ocorreu comigo a algum tempo atrás, foi uma das piores coisas que já passei e olha que viver em um republica é o inferno em vida. Mas bem não irei enrolar em contar a vocês tudo que aconteceu, bem pelo menos o que me lembro irei contar.

Já devem ter vistos muitos programas de caça fantasmas sobre alguns Asylum, este que eu estive foi motivo para vários programas virem conferir o que acontecia dentro dele, localizado na cidade de Weston está o Trans-Allegheny Lunatic Asylum, que teve seu funcionamento na época de 1864 a 1994, originalmente projetado para manter 250 pessoas, ficou superlotado na década de 1950 com 2.400 pacientes e fechada em 1994 devido a alterações nos tratamentos de pacientes.

Minha história aconteceu em uma noite qualquer do mês de maio, não me lembro corretamente a data, tentarei contar com detalhes tudo sobre este dia. Sou apenas uma estudante normal em uma faculdade comum de arquitetura, estou com 25 anos, mas tem momentos que sinto ter mais de 200 anos, como se tivesse uma segunda personalidade muito forte comigo, mas isso não vem ao caso neste momento, o que interessa a vocês é o que aconteceu comigo dentro do Asylum.

Estava no ponto de encontro, todos ali se encontravam eufóricos para fazer o tour do caça fantasma, assim que foi nomeada a viagem do sobrenatural que alguns alunos ganharam, na minha opinião um nome muito criativo sabe ( Okay, okay estou sendo totalmente sarcástica), eu estava desanimada, aquilo não me trazia nenhuma felicidade e muito menos não tinha nada de interessante para me deixar eufórica, havia ganhado aquele tour em um concurso da faculdade sobre o sobrenatural em algumas construções antigas, me inscrevi para esse concurso só por diversão, não imaginava que iria ganhar uma das vagas.

Logo o ônibus chegou e todos entraram, alguns levavam cerveja e outros tipos de bebida que não consegui identificar, claro que alguns ali só estavam indo para se pegar e cumprir algum teste besta da fraternidade que participava. Não quis me envolver com ninguém, todos pareciam tão sem conteúdos, àquelas menininhas de republicas que só pensam em pegar os garotos importantes da faculdade e aqueles caras que não tem nada na cabeça a não ser festas e ficarem se drogando e matando aulas por bobeiras. A viagem durou apenas duas horas até a cidade de Weston e mais um 10 minutos até o Asilo.

Passei esse tempo ouvindo música e cochilando um pouco, fiquei em meu mundinho, sentia a todo momento que aquela viagem não acabaria bem e que só passaria raiva. Acordei ao sentir o ônibus parar, ao abrir os olhos notei que todos já pegavam suas mochilas para descer do ônibus, assim fiz o mesmo e desci por último. Ver aquela construção ao vivo me deixou com os olhos fixos nela por um tempo a admirando, era linda acabei pegando meu celular e tirando uma foto da entrada. Um guia já nós esperava para nós acompanhar no tour, ele nos recebia com várias brincadeiras e contava alguns fatos que faziam todos rir, até eu não resisti em rir, logo começamos a caminhar e entrar no local, estava escurecendo e íamos passar a noite no asilo, novamente aquele sentimento tomava conta de mim, alguma coisa parecia me dizer que havia algo errado e que aquele guia não era uma boa pessoa.

Ignorei aquele sentimento, estava ali já e iria aproveitar bem o tour. O único material que o guia nos pedia para usar era apenas uma lanterna e que andássemos em duplas. Olhei para todos um tanto desanimada, via a felicidade estampada na cara de alguns, pareciam crianças em viagem da terceira série, meu ridículo, mas acabei por ficar junto ao guia, um frio percorreu por toda minha espinha. Minha noite já estava começando de um modo maravilhoso ( sim estou sendo irônica ), ele nos deixou escolher os caminhos e nos entregou um walk-talk para cada dupla a caso de acontecer algum problema ou alguém ficar com muito medo e querer ir embora.

O guia me dizia que o lugar mais interessante do asilo era a torre do relógio, acabei aceitando a ideia e então subimos degraus de escadas, eram quatro andares de hospital para depois mais um tanto para chegar a torre do relógio. Ao chegar ele me dizia que era um lugar que apenas os empregados podiam subir, fui observando tudo com cuidado por mais que estivesse abandonado ainda era um belo lugar, mas sentia que alguém nos observava virei à lanterna em todas as direções, de um modo mais devagar para ele não perceber que procurava por quem nos observava, ou ele poderia pensar até mesmo que estava com medo e por um momento não queria que ele notasse meu medo.

Como esperado não vi ninguém, continuamos a subir e paramos em uma sala toda de madeira com ferros, um tanto macabra, havia brinquedos velhos espalhados pelo chão e um colchão bem velho, o lugar parecia ter sido lar de alguma criança, engoli seco e senti um calafrio mais forte em minha coluna e cruzei meus braços para me aquecer um pouco.

Lembro-me que de fundo ouvi alguém gritando e pedindo para que eu desse um passo para o lado, procurei da onde vinha a voz, mas quando olhei para o guia olhos dele estavam de uma cor diferente, estavam inteiros de um tom negro, dei o passo para o lado em um ato de instinto obedecendo àquela voz, senti algo frio entrando em minha barriga e em seguida algo quente escorrendo pela minha pele. Ao olhar para baixo notava que havia uma faca cravada, olhei assustada para o guia e cai desmaiada, foi a partir dai que não me lembro de mais nada daquela noite, só pequenos flashs de memória.

O primeiro flash que me lembro, estava vestida como uma enfermeira da época em que o asilo funcionava, caminhava pelos corredores do primeiro andar, mas tudo estava novo havia várias pessoas caminhando, enfermeiras, pacientes e até mesmo doutores, alguns choravam outros gritavam, era terrível observar aquelas pessoas, parei diante a uma porta e outra enfermeira prendia um dos pacientes em uma jaula como um animal, sai imediatamente daquela porta e continuei a andar e ao olhar para os lados, mas logo tudo tinha voltado a ficar velho e escuro, mas ao olhar para trás havia algumas pessoas e todas estavam estranhas, algumas não tinham um braço, outras estavam com o olho em um tom avermelhado como se uma veia estivesse estourado em seus olhos, outras pareciam estar bem machucadas, comecei a correr e acabei caindo de uma escada que não havia notado a minha frente.

Assim logo começou o segundo flash, se me lembro bem ao certo foram quatro flashback que tive naquele lugar, não sei se foram bem flashbacks as vezes pareciam ser memórias… Sendo que o segundo e o último foram os mais estranhos.

Acordei em uma mesa ao olhar para cima havia uma daquelas luminárias antigas de hospital me iluminando, tentei me mover, mas senti meus braços presos pelos pulsos e meus pés presos pelos tornozelos. Olhei para os lados e não via ninguém, mas vi uma mesinha simples de metal com dois materiais que me deixaram assustada sabia muito bem para o que serviam, antes de ter uma chance gritar alguém estava do meu lado e colocava algo em minha boca para que não pudesse gritar.

Era uma mulher ela pegava o material para a lobotomia, puxou minha pálpebra direita e introduziu uma grande agulha, parecia um picador de gelo, estava frio sentia uma grande dor, queria gritar, mas não conseguia, saiam apenas grunhidos por causa daquilo que estava em minha boca, terminando de colocar toda aquela agulha ela batia com um tipo de martelo, uma dor excruciante correu por todo o meu corpo, era como se tivesse tido um membro arrancado à força do meu corpo, sentia o sangue escorrendo pelo meu rosto, não conseguia pensar em mais nada e acabei por desmaiar e acordar em outro local.

Ainda sentia meu olho doendo muito, minha cabeça pulsava com força e doia a cada piscada que dava, estava sentada em uma cama olhando para uma janela, percebi que estava em frente ao cemitério ao olhar em volta logo notei que já estava do lado de fora, em frente a uma lápide, ao ler o nome que estava nela era o meu. Mas a data estava errada dizia ser 1845 e que havia morrido em 1865, cai de joelhos no chão minha cabeça doía com muito mais força não aguentava mais ficar em pé, queria chorar, mas nenhuma lágrima caia de meus olhos era como se estivesse seca.

Soltei um grito de dor e tristeza, estava cansada de ver aquilo… Será que estava morta e podia ter ficado presa naquele hospício maluco?! Comecei a orar na mesma hora e quando me deparei estava em um tipo de capela dentro daquele lugar, mas ela parecia intacta e havia alguém ali, era uma garotinha muito linda, ela usava um vestido branco rodado seus cabelos eram loiros e longos, parecia um anjinho, ela se virou a notar minha presença e sorria, sua pele era branca e seus olhos azuis, parecendo uma boneca de porcelana. Lembro perfeitamente de suas palavras.

– Você não deveria estar aqui e muito menos tendo todos esses problemas, o que está fazendo essa não é você.

Eu estava ajoelhada e ela se aproximou de mim e colocou suas mãos em minha cabeça, senti um forte alivio daquela dor, a garotinha parecia brilhar trazia uma sensação de conforto e paz, fechava meus olhos por um momento, mas ao abrir os olhos vi que estava naquele quarto novamente e sentia uma dor forte em minha barriga, em um ato sem pensar, puxei a faca e a joguei de lado, ao me levantar senti minhas pernas fraquejarem, mas me forcei a continuar em pé, desci com dificuldade as escadas, mas logo vi algo que me deixou mais apavorada ainda, era aquela garotinha de antes, ela estava parada em cada andar, mas algo mais estranho acontecia, conforme descia os andares ela ia ficando mais velha, mas ela estava bem diferente no último, parecia ter um olhar maldoso.

Antes de chegar ao primeiro andar parei de frente para ela, para agradecer, ela apenas sorriu e desapareceu, notei que não havia mais ninguém ali dentro, estava tudo muito quieto dentro do prédio, mas fora havia vários tipos de sons, eram sons de sirenes, ambulâncias, o local estava cercado e iluminado, apressei meus passos e ao sair pela porta um dos guardas me viu e correu em minha direção e me pegou, ao notar o sangramento em minha barriga ele me levou imediatamente para dentro de uma ambulância.

Fui atendida e percebia que jornalistas chegavam ao lugar, estava uma bagunça, me virei para o enfermeiro que me tratava e perguntei o que havia acontecido, lembro que ele falou.

– Todos dizem ter visto uma luz forte e branca criar uma coluna de luz e iluminar todo o céu, estava sendo emanada daqui de dentro do asilo.

– Não vi nada disso.

– Parece que até agora você foi à única que saiu com vida.

Apenas balancei a cabeça em sinal de negação e por não aceitar o que ele dizia, por mais que não gostasse daqueles que vieram comigo, não queria que ninguém estivesse morto, fiquei olhando para a policia que entrava no local e saia com apenas sacos pretos, havia comigo umas 20 pessoas contando o guia, não consegui contar ao certo, mas havia apenas 18 corpos saindo de dentro da propriedade. Mas de algo tenho certeza aquele guia não era humano.

Fiquei deitada na maca, ao fechar meus olhos e o abrir parecia estar em outro lugar e ouvia uma voz feminina dizendo.

– Você voltou minha irmã.

A partir dai fui acordar quando estava no hospital e minha mãe ao meu lado. Foi ao ver o rosto de alivio de minha mãe por me ter viva que resolvi contar a vocês sobre este meu dia estranho… Se alguém souber me explicar o que aconteceu ficarei agradecida. Todos os dias após aquele, sinto que alguém vem me observando e me seguindo. Preciso muito de ajuda, parece que nenhuma das minhas orações aos deuses está resolvendo…Preciso descobrir o que aconteceu com aquelas pessoas que morreram, por favor me ajudem.

3 pensamentos sobre “Capitulo único – Tour do desespero.

  1. Nossa, nunca tinha lido um texto que passasse os sentimentos de forma tão clara e simples, mas ainda sim não perdesse a sensação de ser a pessoa vivendo-o. Encantador, adorei realmente, parabéns!!!

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